Por Juliana Costa
Hudson Rodrigues, 36 anos, nascido em São Paulo, designer gráfico e fotógrafo nas horas vagas. De um simples olhar estético, eternizou o momento dessa foto do trabalho rotineiro de um artista de rua, na Avenida Rio Branco, na grande São Paulo. A interpretação da cena, de acordo com o Hudson, cabe a cada olhar. No olhar da BRP, a força de um trabalhador pela sobrevivência, cuspindo fogo, um combate entre forças naturais pelo controle, a busca por resultados, o reconhecimento, a venda do seu talento. O que causou uma direta identificação com o que acreditamos, com o que fazemos diariamente.
Foi assim, por meio dessa imagem, que vamos apresentar o trabalho de quem está por trás dessa cena e que agora você confere aqui.
BRP: Como a fotografia entrou em sua vida?
Hudson: O que entrou em minha vida não foi bem a fotografia, mas o ato de observar e perceber as coisas que eu vivia e que estavam ao meu redor. Aos 15 e 16 anos, quando comecei a refletir sobre essas questões, mesmo sem uma câmera, aquilo para mim já era a minha fotografia. Isso já me encantou de primeira, a observação do próximo e você poder fazer a sua análise.
BRP: O que procura quando vai fotografar?
Hudson: Sempre o que procuro são sensações, algo que me desperte felicidade ou tristeza, por exemplo, em cima disso, tento colocar outras coisas como luz e composição, mas às vezes, não consigo todos os elementos juntos, então, para mim, o principal sempre será a sensação que aquilo me provoca.
BRP: Como é o seu olhar para o que acontece a sua volta?
Hudson: Na maioria das vezes, é como tudo reage a alguma coisa, como a gente manipula e é manipulado, como as pessoas na rua vivem, como o ser humano é bonito e louco ao mesmo tempo, isso é magnífico. O ser humano é um ser incrível.
BRP: Quem é o personagem dessa foto? Por que ele chamou sua atenção?
Hudson: Então, eu estava comendo no centro da cidade, na Avenida Rio Branco, e ele passou trabalhando. Às vezes, o que chama atenção é só estética. Muitas vezes, não tenho uma aproximação com o personagem. Porque é uma ficção da minha cabeça, é o que estou vendo naquele momento e você vai ver o que quer. Não tem nada de muita emoção, foi apenas um papo e algo estético.
BRP: Além da fotografia, o que mais curte fazer?
Hudson: Eu curto muito ver filme, vídeo clip, ouvir música é o que estou fazendo mais nos últimos meses. Estou me interessando muito por vídeos e estou aprendendo bastante sobre cortes e enquadramentos. Acho bem interessante e me divirto muito.
BRP: Você fez parte de um coletivo, poderia falar um pouquinho pra gente sobre ele?
Hudson: Fiz parte do Selva SP, mas não existe mais, cada um pegou sua câmera e está seguindo o seu caminho, mas ainda trocamos ideia e somos amigos, claro. Agora estou com um projeto muito legal com os meninos Marcos Muniz e Felipe Laroza chamado Brasa, está muito no início, mas coletivo de fotografia é muito interessante. É como se fosse uma banda onde todos tocam o mesmo instrumento, mas cada um faz um som diferente, então, temos que nos reunir e alinhar as coisas.
BRP: O que o movimenta?
Hudson: A vida me movimenta. E quando falo em vida, é ela de fato. Sorrir, chorar, ser grato, mandar todo mundo se foder. Essa instabilidade é maravilhosa. Estar bem e mal. É meio louco. Eu só sei do branco se conheço o preto e vice e versa, saca? Então, eu dou muito valor aos dois lados, tanto na luz quanto na escuridão. Isso me movimenta, é muito interessante, me ensina muito e tento sempre estar muito ciente disso para o meu trabalho e para minha vida.
Se você ficou curioso para conhecer um pouco mais sobre o olhar desse fotógrafo paulistano, acesse o Instagram para conferir o projeto Brasa ou Instagram pessoal do Hudson.