Por Juliana Costa
Estar imersa em um Festival como o Path, mergulhada em conhecimento, em mundos com tópicos diversos, trazendo para a cena temas que nunca antes pensei refletir como, por exemplo, “Os robôs vão aprender a amar?”, foi para mim algo muito revelador e já explico o porquê.
Sábado, 06/05, foi o dia que me permiti deixar levar por uma enxurrada de conhecimentos. Intervalo apenas para o almoço, pois quando acabava uma palestra, já ia para outra, mesmo pegando pela metade, e assim, não parei até o final do dia. Minha cabeça borbulhou de questionamentos, emoções, indignações e admirações.
Quando entrei na palestra sobre o amor e os robôs, esperava encontrar apenas palestrantes e pessoas atônitas com a possibilidade do amor ser programado. Mas para minha grande surpresa, me senti sufocada ao ver que cerca de 20% da plateia compreendia e, para meu espanto, aceitava a possibilidade de amarmos e sermos amados por robôs. Eu não estou falando do Wall-E, aquele robozinho fofo retratado no cinema, estou falando de máquinas programadas para te amar exatamente como sempre desejou, incondicionalmente. Isso mesmo, porque você poderá ensiná-la como quer ser amado.
A possibilidade de que hoje uma criança com dois anos de idade pode ter, em um futuro próximo, relacionamento com um robô, não causou estranheza para esses arrebatadores 20%, não. Isso foi normal. No palco, palestrantes maravilhosos explicando, de um lado, como tudo funciona no nosso cérebro com Elisa Kozasa, pesquisadora e docente do Instituto do Cérebro do Hospital Israelita Albert Einstein, e do outro, falando sobre as máquinas, Ricardo Cappra, cientista-chefe na Cappra Data Science e do laboratório de big data Mission Control. Excelentes, acho que não teria melhores para o tema. Mas… a plateia foi a que de fato me surpreendeu.
Minha vontade era levantar e perguntar: onde está a convivência, o amor, o olho no olho, a pele, o toque, o choro, o ombro? Em um mundo onde hoje as relações estão cada dia mais superficiais, onde quando conhecemos alguém que vai contra o que pensamos, colocamos um basta na relação porque aquela pessoa já não nos serve mais, pensamos que a solução seriam robôs? Pelo simples fato de encontrarmos o amor idealizado? Ou pior, pelo simples fato de não estarmos mais conseguindo nos relacionar? Fiquei com medo dessa geração que encara isso com naturalidade ou pior, assustada com pessoas que encaram isso como a solução para serem felizes.
Entendam que a palestra, os palestrantes, o tema, foram maravilhosos, principalmente por trazerem essa reflexão, mas o que de fato me deixou sem ar foram as pessoas.
Para minha sorte, nessa de consumir o maior conteúdo possível naquele dia, entrei em uma palestra que seguia na contramão desse tipo de relação programada, entrei na maravilhosa “Casa do Presente – Antes que a escola e o trabalho te estraguem” e como o próprio nome sugere, foi um lindo presente para mim ver pessoas seguindo e lutando pelo caminho das relações olho no olho, do carinho, do amor de humano para humano. Ver a luta de jovens com anseios de se tornarem pessoas cada vez mais humanizadas, preocupadas com o outro, com o meio onde vivem e que acreditam que o estar junto, unindo forças, é de fato a solução para uma sociedade mais saudável, mais rica, no melhor sentido da palavra.
Em diversas palestras que passei, vi este movimento humano, com os youtubers, no processo criativo do trabalho de “A Mulher do Fim do Mundo, de Elza Soares”, na “Cultura Drag: inclusão de salto alto”, com depoimentos lindíssimos da plateia, encerrando a minha participação no domingo com muitas lágrimas de emoção na palestra “Arte & Educação: os primeiros passos para a transformação”, com os lindos André Gravatá, Gustavo Brito e Marcello Gugu.
Essa pequena amostra que experimentei em dois dias de uma inesquecível jornada pelo pensamento, coração, raciocínio, sentimento… me fez perceber o quanto reflexões como essas são importantes na nossa vida para não nos afastarmos de quem somos e nos direcionarmos sempre para o caminho do bem, do amor pelo outro, porque para mim, pessoa movida por esse nobre sentimento, esse sempre será o caminho para um mundo melhor. Clichê? Pode ser, mas é nisso que acredito!
por Juliana Costa
Veja os outros artigos sobre o Festival Path:
Festival Path II: Incrível movimento sustentável
Festival Path III: Inspiração e transformação para todas as idades
Adorei o texto! Me identifico bastante com as reflexões e impressões dos temas abordados!
Acho que o caminho é esse!
Que legal, Carmelita. Obrigada por nos deixar o seu comentário. A gente também acredita que só saída pelo lado humano.