Conversei sobre criatividade com Clarice Lispector

Uma mulher ucraniana e pernambucana. Viveu entre 1920 e 1977. Não se considerava escritora profissional. Fazia questão de ser amadora, assim era fiel ao seu ritmo de criação e produção. Começou a escrever quando começou a ler.

“Eu escolhia os livros pelos títulos. Fui ler aos 13 anos Herman Hess, tomei um choque, “O Lobo da Estepe”. Aí comecei a escrever um conto que não acabava nunca mais. Terminei rasgando e jogando fora.”
Clarice Lispector

Eu já tinha lido Clarice Lispector por indicação da escola  quanto devia ter um sete anos, “A Mulher que matou os peixes”. O que me empolgou no exemplar foi mesmo o título em tom de suspense e terror, e a capa simples de um fundo verde Mata Atlântica e uma ilustração quase abstrata de um aquário com água marrom e peixes vermelhos.  Não li nenhum de seus livros para adultos. Vou assistir ao filme A Hora da Estrela (1985) de Suzana Amaral, baseado na novela homônima de Clarice (1977). Estou ansiosa para conhecer a personagem Macabéa.

Encontrei Clarice Lispector hoje no YouTube graças ao canal  TV Cultura Digital por meio de uma entrevista de 28’31’’, feita também em 1977, quando entrevistados fumavam enquanto pensavam e falavam suas opiniões.

A criatividade de Clarice Lispector é natural. Ela foi portadora de passe livre para um mundo de histórias que a esvaziava quando se transformava em suas obras, ela disse que neste momento se sentia morta,  como se a sua criatividade fosse sua benção e sua sina.

Nesta entrevista, a fala dela tem um ritmo que impregna e coloca o espectador em outra frequência. É pausada e paradoxal. Suas palavras se organizam em frases surreais e coerentes. Ela é transparente. Essas e outras me empurraram ainda mais para dentro da atmosfera fantástica desta criadora como se ela estivesse conversando comigo sobre o que é ser criativo, do êxtase e à exaustão.

 “Antes ninguém me entendia, agora todo mundo me entende.”
Clarice Lispector

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