Multimulher: conexões que transformam

“Eu aprendi com a música que cada músico tem um olhar diferente para a mesma música de acordo com o instrumento que ele toca.” 

Foi assim, desse jeito detalhista, que Roberta Simões Coelho, 33 anos, consultora de inovação, se transformou em uma “multimulher”. Não entendeu? Então acompanhe a entrevista a seguir dessa ”meio baiana e meio paulistana”, casada, mãe de uma menina de dois anos e entenda, como a diversidade fez de Roberta uma mulher em sintonia com ela e com o mundo à sua volta.

BRP: Sua carreira profissional sempre foi assim, conectada em várias áreas, fazendo coisas diferentes com pessoas de profissões diversas?

Roberta: Eu aprendi com a música que cada músico tem um olhar diferente para a mesma música de acordo com o instrumento que ele toca. A mesma coisa acontece com as áreas de uma empresa. E este é o princípio de times multidisciplinares que anos depois vim a conhecer.  Para mim, não há nada mais rico do que olhares diversos para um mesmo problema. Por diversos motivos, minha carreira foi se construindo de uma forma bastante diversa e eu sempre flertei com mais de uma área. Enquanto fazia publicidade e estagiava em agência, estava tentando carreira como musicista. Enquanto estava no trabalhando com marketing corporativo, estava executando programas para empreendedores.

BRP: Como ser essa “multimulher”, que concilia diferentes universos como música, criatividade, mundo corporativo, tecnologia… Isso é o tempero baiano (rsrs) ou algum outro ingrediente?

Roberta: Acredito que seja perfil mesmo. Eu nunca me encaixei nos padrões do colégio, do trabalho e, apesar da jornada muitas vezes ter sido difícil, isso me beneficiou muito no final das contas. Acredito que cada um de nós tem seu próprio tempo para absorver, compreender e transformar conhecimento em algo produtivo. Eu sempre tentei jogar o jogo da vida preservando esse meu espaço. Em muitos momentos foi muito difícil, até por não ter a consciência e a autonomia que tenho hoje, mas hoje eu só vejo o lado bom disso. Quando me imaginaria trabalhando com inovação? Minha capacidade de permitir mudar de rumo sem medo do erro me fez caminhar por trilhas muito diferentes na vida. Acho que esse é o segredo. Não ter medo de mudar e nem de errar.

BRP: Por que São Paulo?

Roberta: Vim para cá pequena, com 9 anos. Foi um presente que a vida me deu. Me sinto meio baiana e meio paulistana.

BRP: Como nasceu a ideia do programa de inovação Braskem Labs e como foi todo esse processo?

Roberta: Eu vi uma oportunidade: uma grande empresa com conhecimentos riquíssimos e profissionais altamente qualificados sem compartilhar isso com outras pessoas de forma estruturada. De outro lado vi programas de aceleração corporativa começando a surgir no Brasil. Na época (2014), acredito que existiam apenas três programas, sendo que dois deles haviam começado naquele mesmo ano. Estruturei uma apresentação, começamos a vender a ideia internamente e depois de mais de 50 apresentações e muito trabalho, deu certo. Hoje, o Braskem Labs é uma plataforma de Corporate Venture incrível, uma das melhores do país, que já ajudou muitos empreendedores e já conectou muitas pessoas. E ouso dizer que já transformou a vida de muitas pessoas também.

BRP: Como é chegar nesse mundo corporativo com pessoas, muitas vezes vivendo uma rotina pesada e focada e, de repente ter você com projetos colaborativos, ideias, criatividade… uma mulher protagonista?

Roberta: No dia em que conheci o guitarrista Martin Mendonça (Pitty), pedi para ele contar como foi o início da carreira dele. Ele me disse “abaixe a cabeça e trabalhe”, que foi o que ele fez. Essa frase me marcou muito. Então não penso muito nas arestas do processo do entorno, mas sim no fazer. Eu simplesmente abaixei minha cabeça e trabalhei.

BRP: Com tudo que desenvolve, ainda faz pontes incríveis entre as empresas e projetos, como fez com a BRP Mídia com o Coletivo de Comunicação e com a INNOSCIENCE. Qual a fórmula para fazer tudo (rsrs)?

Roberta: O sucesso dos negócios são as pessoas. Eu sempre estou conectando pessoas com pessoas quando enxergo um link, e quando dá certo, coisas incríveis acontecem, como os casos que citou. Não me custa e me dá um prazer enorme. Acredito que esse olhar contribua para transformar o mundo de gota em gota.

BRP: Como fica a Roberta, pessoa física, no meio disso tudo?

Roberta: Eu tento misturar minha vida pessoal e profissional ao máximo, pois não acredito que existam duas Robertas. Quando mais conectadas estão esses meus dois papéis, mais em sintonia eu fico.

BRP: O que falta nas pessoas para que sejam mais felizes profissionalmente e na vida pessoal também?

Roberta: Acredito que seja olhar para si. Buscar um propósito. Estudos mostram os benefícios que um negócio com propósito causa nas pessoas que estão lá e acreditam nele profundamente. Isso não significa trabalhar com filantropia, há diversos negócios altamente rentáveis com propósitos claros e poderosos, os famosos MTP (Massive Transformative Purpose). O mesmo serve para nossa vida pessoal. Eu tenho propósitos bastante claros em minha vida e depois que consegui equalizar isso, não há questionamentos e conflitos, apenas seguir, curtir a jornada, contornar os problemas que sempre vão estar aqui e sentir muito prazer com os frutos que irá colher.

 

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