Por Juliana Costa
Dança-Terapeuta trabalha a Prevenção da Violência e Inteligência Relacional por meio do movimento com crianças do ensino fundamental
Ainda muito presente nas escolas, o bullying é um problema tão sério que há alguns anos desperta a atenção de profissionais de diversas áreas na busca por solucionar, com ações preventivas, essa violência que hoje já ultrapassa as paredes das salas de aula.
Com olhar atento a esses atos de violência física ou psicológica , intencionais e repetitivos, a dança-terapeuta Judith Esperanza, acompanhada por profissionais de outras áreas, levou para a Escola Estadual Prudente de Moraes, no bairro do Bom Retiro, um projeto que tem como objetivo trabalhar a Prevenção da Violência e Inteligência Relacional por meio do movimento com crianças do ensino fundamental, criando um espaço de saúde em seu sentido mais amplo com integração física, cognitiva, emocional e social. “A dança e o movimento são utilizados como instrumentos de comunicação, expressão, contato e integração da mente com o corpo. As vivências objetivam ressaltar o aspecto criativo da dança e dos movimentos, promovendo a expressão mais autêntica de cada criança, com ênfase na comunicação não verbal”, explica a Dança-Terapeuta Judith Esperanza.
Outros fatores trabalhados, como a autorregulação de energia para questões de hiperatividade e baixa concentração, consciência corporal, expressão da criatividade, concentração, persistência, confiança, paciência e autodisciplina, também são trabalhados, tendo como resultado os desdobramentos emocionais. “A conscientização do papel crucial que as emoções desempenham na aprendizagem, leva à inteligência relacional”, conta Judith.
O trabalho é desenvolvido de maneira que a criança possa identificar, nomear e ampliar seu repertório de movimento interno/externo, proporcionando a conexão consigo, com os outros e com o sistema a que pertencem, para que assim possam perceber suas próprias necessidades e as dos colegas, aumentando a empatia, a autoescuta, o respeito às diferenças, desenvolvendo recursos para lidar com os conflitos.
Com a observação durante esse percurso, os profissionais puderam perceber que a utilização inicial de uma via corporal, não verbal e lúdica – a Dança-Movimento Terapia – é um espaço para expressão dos sentimentos e escuta empática que leva a descobertas muito significativas. As crianças pedem para serem vistas, reconhecidas naquilo que sentem, é como se elas fossem “autorizadas” a sentir. Muitas temem seus próprios sentimentos porque não se sentem apoiadas e com companhia para comunicá-los. O grupo percebeu ainda, que as crianças aprendem a esconder os sentimentos por achar que são perigosos – para si próprios e para os outros. Com toda essa repressão, elas podem adquirir expressões violentas como empurrões, pisadas nos pés dos colegas e xingamentos.
“Acreditamos que este projeto não é limitado apenas para crianças. É importante e urgente a ampliação para cocriação de espaços com os professores, pais, coordenações das escolas, funcionários e todos os profissionais envolvidos na educação escolar. Precisamos de investimento e apoio para que essa ampliação também se torne uma realidade e assim consigamos, juntos, acabar de vez com essa violência que é o bullying. Quanto mais escolas abrirem espaço para trabalhos como esse, mais esperança teremos de um futuro menos violento na nossa sociedade”, conclui a Dança-Terapeuta.